Ato das centrais e partidos de esquerda, em defesa da soberania e contra a anistia para golpistas, reuniu 8,8 mil pessoas em SP
07/09/2025
(Foto: Reprodução) Ato pró-soberania em SP reúne partidos de esquerda, movimentos sociais e sindicatos
A manifestação realizada pelas centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda na manhã deste domingo (7), no Centro de São Paulo, reuniu cerca de 8,8 mil pessoas no seu auge, segundo estimativa do Monitor do Debate Político do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a organização More in Common.
A mobilização na Praça da República foi em defesa da soberania nacional e contra a proposta de conceder anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a seus apoiadores condenados por crimes contra a democracia, que está em discussão no Congresso.
O ato foi organizado como resposta às manifestações de bolsonaristas convocadas para este domingo, feriado da Independência.
O levantamento tem margem de erro de 12%. Com isso, estimativa de público ficou entre 7,7 mil e 9,8 mil.
A contagem foi feita a partir de fotos aéreas analisadas com software de inteligência artificial, segundo o monitor. A análise considerou imagens feitas em quatro horários: 09h46, 10h37, 11h11 e 11h35.
Ministros de Lula participaram do ato na República
Estiveram presentes no ato da esquerda os ministros Alexandre Padilha, da Saúde, e Luiz Marinho, do Trabalho, o presidente nacional do PT, Edinho Silva, e os deputados federais Guilherme Boulos e Érika Hilton, ambos do PSOL.
Manifestantes se reúnem na Praça da República, em São Paulo, em ato em favor da soberania brasileira e contra a anistia a bolsonaristas.
Matheus Meirelles/GloboNews
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Por volta das 11h, com céu nublado e frio de 18 °C, o ato ocupava parcialmente a Praça da República e a avenida Ipiranga.
A bandeira principal da manifestação foi a defesa da soberania nacional, tema que ganhou força após o governo dos Estados Unidos impor uma taxa de 50% a produtos brasileiros como forma de tentar interferir no julgamento de Bolsonaro.
Manifestantes levaram faixas e bandeiras pedindo a condenação de Bolsonaro. As mensagens também são contrárias à concessão de uma anistia ao ex-presidente e a seus apoiadores condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Ao discursar, o presidente Nacional do PT, Edinho Silva, disse que os partidos de esquerda e a sociedade civil precisam se mobilizar para derrotar o avanço do projeto de anistia na Câmara dos Deputados.
“Neste momento é fundamental nós derrotarmos a anistia. Não pode ter a anistia para quem organizou golpe. Não pode ter anistia para quem organizou assassinato. Quem defende a anistia está defendendo assassinos. Quero dizer a vocês que nós não podemos sair das ruas, não podemos recuar”, declarou.
Manifestantes de verde e amarelo participam de manifestações das Centrais Sindicais e dos partidos de esquerda neste domingo (7), na Praça da República, em defesa da soberania nacional e contra a anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
MARCELO OLIVEIRA/RASPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Já o presidente estadual do PT, deputado federal Kiko Celeguim, criticou diretamente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por sua defesa da anistia.
“Essa é uma manifestação para alertar a população sobre o projeto de anistia. Uma anistia não interessa ao país, interessa a um grupo pequeno. Como pode o governador do estado mais rico do país parar o trabalho no meio do dia para tentar articular essa pauta que confronta a Constituição?”, disse Celeguim.
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Centrais e partidos de esquerda realizam ato em SP
LEANDRO CHEMALLE/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
O deputado estadual Antônio Donato (PT) e a vereadora Silvia, da Bancada Feminista (PSOL), também discursaram. Donato classificou Tarcísio e Bolsonaro como “traidores da pátria”, enquanto Silvia chamou os opositores de “capachos do Trump”.
Outras pautas do ato foram a taxação dos mais ricos, a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês e a redução da jornada de trabalho sem corte de salários.
As reivindicações já vêm sendo defendidas por movimentos de esquerda desde o início do ano.
Manifestantes se reúnem na Praça da República, em São Paulo, em ato em favor da soberania brasileira e contra a anistia a bolsonaristas.
Matheus Meirelles/GloboNews
Julgamento no STF e discussão de anistia no Congresso
Na última terça-feira (2), o Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar Bolsonaro e mais sete réus pela tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022. O julgamento deve ser concluído até a próxima sexta (12).
Bolsonaro está em prisão domiciliar por violar medidas restritivas impostas anteriormente. Se for condenado, pode pegar até 43 anos de prisão. Ele também está inelegível, porque foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político.
Em paralelo, ganhou força na Câmara dos Deputados a discussão sobre a possibilidade de votar uma anistia para condenados por crimes contra a democracia.
Julgamento de Bolsonaro e 7 aliados políticos começa 2 de setembro
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), está sob pressão dos aliados de Bolsonaro, mas ainda não colocou em votação qualquer projeto com essa finalidade.
O PL, partido de Bolsonaro, é o principal interessado, e o Centrão também está endossando a medida. A aliança formada por União Brasil e PP, que tem maior bancada na Câmara, anunciou o desembarque do governo Lula recentemente para aderir à campanha da anistia.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, esteve em Brasília para tentar convencer Motta a colocar o tema em votação.
Não se sabe ainda qual texto seria votado. Um dos pontos em discussão é o alcance da possível anistia: se ela valeria apenas para quem já foi condenado pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 ou se alcançaria também o ex-presidente e seus aliados que estão sendo julgados no STF.
Aliados mais próximos de Bolsonaro querem uma anistia geral. O Senado discute uma proposta alternativa que exclui o ex-presidente e reduz penas de golpistas condenados, sem que haja a anulação.
O governo petista é contra votar qualquer proposta de anistia, e o presidente Lula pediu mobilização social para barrá-la.
Manifestantes protestam no Centro de SP e pedem a condenação de Bolsonaro no STF
Amanda Perobelli/Reuters
Manifestantes de verde e amarelo participam de manifestações das Centrais Sindicais e dos partidos de esquerda neste domingo (7), na Praça da República, em defesa da soberania nacional e contra a anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
MARCELO OLIVEIRA/RASPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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